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Anúncio_METRO_EDUCACAO_7

Mais trabalho na rua. Dessa vez um anúncio para o Metro Jornal, edição de Brasília, sobre a edição especial de Educação. Veiculado hoje, 11/11, no Distrito Federal. Criação de Tulio Paiva e Gabriel Pedro, sob direção de criação de Paiva. #remaquevem

Citando Mestre Marçal, o sambista, conforme citado por meu amigo Caio Braga em um muitíssimo bem escrito artigo: “pode encher sua piscina, mas não esvazia minha bacia”.

Até por dever de ofício, navego bastante no Facebook. Embora tenha também Linkedin e Instagram, tenho pouco tempo, pouco saco e pouco assunto pra alimentar outras tantas redes sociais que existem. E o Twitter me deprime. Ser inteligente em tão poucos caracteres é coisa de alguém versado, sei lá, na nobre arte do hai kai. Não é pra qualquer um.

Vem do Facebook meu tema de hoje: a dialética do antagonismo. E antagonismo fajuto, eu diria.

Parece que perdemos o traquejo do argumento, do pensamento racional logicamente encadeado, do estabelecer uma tese e submetê-la à sua antítese para buscar uma síntese.

O que vemos no dia a dia do Facebook é a “argumentação” dos opostos. A dialética de negar e pronto.

Alguém posta uma notícia sobre a educação no Brasil (ou a falta de) e como estamos atrasados neste campo em relação a nações mais desenvolvidas, ou até mesmo emergentes. E lá vem os indefectíveis comentários do tipo “enquanto as pessoas estiverem mais preocupadas com futebol e novela…”.

Alguém posta um clássico do rock, e se não aparecer um comentário do tipo “infelizmente hoje não se ouve mais música, só axé e sertanejo universitário…” eu coloco meu dedo mindinho na bigorna pra você dar uma bigornada em cima.

Educação é problema complexo da sociedade, ainda mais num país como o nosso. Envolve aspectos que vão da formação do país à macroeconomia, passando por desigualdades sociais, infraestrutura, prioridades políticas, instituições. Sério mesmo que alguém acha que nossa educação é deficiente porque somos um bando de alienados que gostam de futebol e novela? Não, né?

Os americanos gostam de NFL, NBA e afins e vão muito bem, obrigado. (Menos do que já foram, é certo.) E conceitualmente falando, não há absolutamente nenhuma diferença entre gostar de 10 caras tentando colocar uma bola num cesto e 22 caras tentando encaixar uma bola entre 3 traves.

Então, o que esse tipo de comentário acrescenta? Nada. Exceto a manifestação oportunista de uma opinião pessoal paralela. Na minha opinião, é raso, rançoso e chato. Mas esse não é o principal problema.

O grande problema é que a repetição permanente vai solidificando conceitos. Vai pouco a pouco dividindo as pessoas em alas, facções, grupos. Vamos, sem perceber, guetificando as redes sociais. Os cultos. Os inteligentes. Os enviadores-de-frases-edificantes. Os do contra. Os politizados. Os sustentáveis. Os defensores dos animais. Os repassadores-de-hoax…

As redes sociais deveriam, pelo menos em tese, nos aproximar. Deveriam ser uma boa plataforma de convivência pacífica entre as diferenças. De tolerância. Na prática, elas têm revelado que não somos nada diferentes, na frente de um computador, do que somos ao volante de um carro em SP, por exemplo.

Pena.

Mas fica aqui o convite: vamos resistir à tentação de destilar bile contra as diferenças. De antagonizar. Diversidade não apenas é boa, é fundamental. Ou o mundo viraria um tremendo pé no saco.

Sertanejo e axé não precisam ser ruins para que o rock seja bom. Ninguém precisa desligar a TV para se preocupar com a cultura e a educação neste país. Não faltam hospitais neste país porque vamos fazer uma Copa, sempre faltaram porque muita coisa aqui não é feita como deveria (incluído nosso voto). Um blockbuster  de bilheterias milionárias não precisa ser um lixo para que o filme assistido num cineclube por algumas centenas seja genial. E vice versa.

Agora, quando quisermos realmente defender um bom ponto-de-vista contra algo (ou a favor), por gentileza, vamos usar bons argumentos e construir um raciocínio. Vamos fornecer combustível para uma boa discussão.

Porque clichê posando de opinião, na boa, ninguém merece.